Versejo da Talita
"Pintar a transcendência de espírito em versos..." Por Talita Nogueira
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016
terça-feira, 24 de novembro de 2015
UM LIVRO PARA OUTUBRO
A Menina da Chuva
Bruno Paulino
Editora Premius
O livro azul é feito instrumento de mergulho, de imersão nas lembranças de uma rede, um açude, uma conversa com o vovô, uma varanda, ou um banho de chuva ou de bica. Bruno Paulino traz consigo a infância, o menino crescido ou crescendo e o Sertão, este sem tamanho. É doce o azul da menina. Doce também é ler a chuva que acaba, quando não mais se ouvem as gotas cutucarem os telhados, mas não tem fim, assim como as crônicas de Bruno, em que cessam as palavras, mas ecoam o sentir, o cheiro do asfalto quente e molhado e o livro azul iluminando a estante.
Obrigada, Bruno, pelo azul das crônicas. Sejamos sempre gentileza.
terça-feira, 15 de setembro de 2015
UM LIVRO PARA AGOSTO
Livro: O sol é para todos
Harper Lee
Título Original: "To kill a mockingbird"
“Só existe um tipo de gente:
gente.”
Em
agosto, mergulhada no sul dos Estados Unidos do início do século XX, cidade de
Maycomb.
Toda
cultura será perdoada? Todos os erros e atrocidades cometidas sob a guarda dos
costumes de uma sociedade são dignos de compreensão? Scout Finch, nossa pequena
narradora, aprende e nos ensina, descobre e questiona, entende e se confunde.
Com olhos de criança e mergulhada em uma cidade cujos costumes parecem pétreos,
indestrutíveis, porém nunca naturais, aceitáveis ou isentos de questionamento,
a menina passeia pela humanidade. Como sempre, não me atrevo a descrever a
narrativa em sinopse ou a tecer críticas a respeito da obra, mas me permito
derramar aqui um pouco do turbilhão de sentimentos que me prenderam, sufocaram,
me causaram febre e alívio, durante a leitura doce e amarga deste livro.
Mais
uma vez caiu em minhas mãos um exemplar antigo e velho, com cheiro antigo e
velho, cor antiga e velha, o que me pareceu bastante adequado, já que
preconceito, ignorância e segregação racial têm cheiro de mofo. Poderia
facilmente renomear inúmeros personagens com nomes de fungos. Ânsia de vômito,
febre constante, aperto no peito e desesperança envolveram aquelas páginas
amarelas. Inevitável não lembrar de Chico: "Não tem mais jeito, a gente
não tem cura." Ah, humanos, malditos humanos...
Mas é preciso ter brilho
no olho pra sobreviver e viver por aqui, não é mesmo? Há um brilho de
esperança, pequeno e forte, cheio de vida e promessa de um futuro mais justo. A
casa dos Finch é luz naquela cidade; é apedrejada e admirada; é gota d'água
integrante de uma grande mudança. Atticus nos ensina que é preciso ser honesto
consigo mesmo, fazer a nossa parte, mesmo que pequena, mesmo que ninguém
entenda, mesmo que invisível ou condenada por tantos. É a passos pequenos que se
segue. Daí, Chico mais uma vez me salva: "Amanhã vai ser outro dia."
Atticus,
Jem, Scout, Calpurnia, eu vos abraço e agradeço. Concluir a leitura de um bom
livro é sempre doloroso pra mim. A leitura da última página é cheia de saudade
e vazia de conformismo. Desta vez, porém, seguem comigo os Finch e a esperança.
FRASES DO LIVRO para degustar:
“Quando crescer, todos os
dias você verá brancos ludibriando negros, mas deixe-me dizer uma coisa, e
nunca se esqueça disso: sempre que um branco trata um negro desta forma, não
importa quem seja ele, o seu grau de riqueza ou a linhagem de sua família, esse
homem branco é lixo.”
“Existem pessoas que se preocupam tanto com o
Outro Mundo que nunca aprendem a viver neste.”
“Antes de poder viver com os
outros, eu tenho de viver comigo mesmo. A consciência de um indivíduo não deve
subordinar-se à lei da maioria.”
“Eu queria que você visse o
que é realmente coragem, em vez de pensar que coragem é um homem com uma arma
na mão. Coragem é quando você sabe que está derrotado antes mesmo de começar,
mas começa assim mesmo, e vai até o fim, apesar de tudo. Raramente a gente
vence, mas isso pode até acontecer.”
“Andar armado é um convite
para alguém atirar na gente”.
“Só existe um tipo de gente:
gente.”
terça-feira, 1 de setembro de 2015
UM LIVRO PARA JULHO
O
MERCADOR DE VENEZA
William
Shakespeare
1598
Esta
é a segunda obra do clássico autor a que dedico o mergulho e o estudo. Em
aventuras teatrais, tive que estudar Hamlet e a única coisa de que me lembro é
que foi bastante cansativo (fico ofegante só em lembrar). Tentei ler Romeu e
Julieta (porque queijo com goiabada é muito bom e ninguém nomeia coisas sem
algum fundamento, né gente? Nomeia sim. Não passei das cinco primeiras páginas.
E
mais uma vez, cá estou eu me aventurando em passear com Shakespeare, na leitura de O mercador de
Veneza. Definitivamente, não é o tipo de leitura que me envolve e emociona. Nem
o estilo clássico do autor nem a estrutura do texto em peça teatral. Perdoem-me
os amantes de Shakespeare, mas o dramalhão pastelão parece que foi escrito para
lotar o teatro, prender o público em suas cadeiras com diálogos cansativos e
até sonolentos, não fosse o humor causado pelo exagero, e , ao fim, somente ao
fim, surpreendê-lo com um grande final de se aplaudir de pé, engraçado e
inusitado. A temática, admite-se, é interessante, mas a obra cansa. E, diga-se
de passagem, o lado de lá das cortinas teatrais me chama bastante a atenção. O
teatro é mágico. A leitura em questão não é.
Uma
leitura, porém, é sempre uma leitura, né? Vale experimentar e conhecer um pouco
de mundos distantes. Continuarei apreciadora dos aforismos shakespeareanos e de
queijo com goiabada. De resto, encerro minha jornada pelas obras do aclamado
autor. Tenho pouco tempo e muitos livros. E não há nada de errado nisso.
Próximo livro, por favor!
Não
leia...coisa do diabo mesmo.
domingo, 2 de agosto de 2015
Delírio
Somos texto incompreendido e assim findaremos!
Nem tudo pode ser explicado perfeitamente. Quase nada, aliás.
sexta-feira, 29 de maio de 2015
UM LIVRO PARA ABRIL
Leite Derramado
– Chico Buarque de Holanda
Editora Companhia das Letras, 2008
Praça dos Mártires - Fortaleza -Ceará.
Antes de iniciar a leitura do livro laranja, foi inevitável contaminar-me do conflito de amor e ódio que me envolvo sempre que se trata de ler Chico na forma de romance. É por amar tanto o poeta que se torna uma verdadeira frustração procurá-lo em seus romances desconexos. Não o encontro. Nunca. É outro Chico.
Leite Derramado é mais do que o próprio título sugere: é lamúria, nostalgia, choro e arrependimento. É saudade, mágoa, ausências, solidões acumuladas. É vida que corre a galope. São voos sem despedidas. É abandono e decadência. É acúmulo. É vida derramada. É morte.
A obra é uma narrativa lenta, idosa, cansada, confusa e amarga. Num leito de hospital, as memórias vão sendo compartilhadas para a enfermeira, para a filha, para quem tiver por perto, pra nós. É um peso que precisa ser dividido.
Derrama-se um passado centenário...e nesse leite tem amor, tem exagero e ciúmes, tem conquista e desejo, tem orgulho, perdas e pedras, tem vida, homem e peito. Tem barco, praia e mulher. Tem preconceito, segregação, racismo e oportunismo. Tem Brasil e tem Chico. Tem vida.
A leitura se arrasta de muleta e voz cansada, mas a gente se acostuma. É começar o livro com a impaciência de um neto para assuntos de oligarquia e posses e remédios... e amadurecer, engrandecer-se, até colocar-se nos olhos serenos e pacientes que uma enfermeira de uma lar de idosos deve ter. E ouvir, deixar repetir, sorrir, compadecer, não duvidar e jamais ousar pensar que aquela dor não foi tão severa assim, que aquele amor não foi tão intenso, que aquele grito não tem razão de existir e que não há tempo e espaço para lamento. É ler e deixar derramar, até, por fim, perceber que é tudo tanto...é tanto sentir...
Trechinhos para degustar:
“ Se amanhã eu morrer envenenado, todos aqui hão de me ver nessa televisão que não desligam nunca. Esta pocilga será interditada pela vigilância sanitária, e voltarei para puxar seus pés, e vocês vão dormir na rua.”
“Que fique entre nós dois, mas ultimamente ando muito agitado, com certeza estão trocando meus remédios. Não duvido que ponham arsênico na minha comida, e se o pior me acontecer, não perca por esperar, os jornais cuidarão de dar notícia.”
“Pouco importa que entrem meliantes pela minha casa, e mendigos e aleijados e leprosos e drogados e malucos, contanto que me deixem dormir até mais tarde. Porque todo dia é isso, acordo com o sol na cara, a televisão aos berros, e já compreendi que não estou em Copacabana, foi-se o chalé há mais de meio século. Estou neste hospital infecto, e aí não vai intenção de ofender os presentes.”
“E corava pouco a pouco até ficar bem vermelha, como se em dez minutos passasse por seu rosto uma tarde de sol.”
“A um palmo de distância dela, eu era o maior homem do mundo, eu era o sol.”
p.s: Te odeio, Chico.
p.s .2 : Mentiraaaaaa
"Chego a mudar de calçada quando aparece uma flor
e dou risada do grande amor....mentira..."
segunda-feira, 25 de maio de 2015
UM LIVRO PARA MARÇO
Março já passou faz um tempinho, mas como as águas continuam a rolar, ainda é tempo para compartilhar a leitura do mês. Então, lá vai...
No
Mundo da Lua
- Dr. Paulo Mattos
(Perguntas
e respostas sobre TDAH, em crianças, adolescentes e adultos)
A leitura do mês de março foi de teor técnico-científico e informativo.
O
Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade é um assunto atual, cheio de
controvérsias e que desperta bastante curiosidade.
O livro vem no formato “perguntas
e respostas” e, por isso, é de leitura fácil, prática e acessível. Para quem
nunca ouviu falar do TDAH, segue abaixo uma breve definição retirada do site da Associação
Brasileira do Déficit de Atenção http://www.tdah.org.br/br/sobre-tdah/o-que-e-o-tdah.html, responsável, inclusive, pela edição da obra:
(Dá uma olhadinha no site)
O que é o
TDAH?
O
Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno
neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente
acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de
desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA
(Distúrbio do Déficit de Atenção). Em inglês, também é chamado de ADD, ADHD ou
de AD/HD.
O assunto é realmente interessante. Conhecer a si próprio e o outro, entender possíveis transtornos sempre nos remeterá à tolerância. Seja paciente...nunca se sabe exatamente o que se passa dentro do universo interno de cada um ao seu redor.
O que eu percebi da leitura:
1 1. Erros de português ainda me assombram...eu sei que não deveriam (estou trabalhando a “tolerância linguística” em mim), mas, queridos seres escribas, trabalhem para cometer menos erros gritantes, por favor. A nossa língua é a nossa língua.
2. Leituras que tratam de transtornos mentais são quase sempre arriscadas. Lembre-se de que se identificar com sintomas apresentados no livro não asseguram diagnóstico algum. Procure sempre um médico especialista no assunto.
2 3. Mais respeito com o ritmo do outro, mais tolerância e gentileza.
3 4.É aconselhável experimentar, de vez em quando, outros tipos de leitura, estranhos àqueles aos quais estamos habituados. “Open your mind”.
Vale ler!
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015
UM LIVRO PARA FEVEREIRO
LIVRO: Gonzos e parafusos
AUTORA: Paula Parisot
EDITORA: Leya
Comprei o livro pela capa, sim. E gostei das cores que li. Gonzos e parafusos foi uma das aquisições primorosas que fiz durante a XI Bienal Internacional do Livro do Ceará, quando mergulhei durante uma semana num mar de livros à procura de encantamento. Encontrei.
É bem verdade que ao passar os olhos nas primeiras páginas, logo absorvi a angústia enrolada entre as linhas. E me pergunto (não é a primeira vez), por que ler aquilo, pra que buscar e acumular tanto peso nas costas e no coração...não tenho resposta. Acho que sentir é preciso. Ultimamente, não tenho encontrado leituras leves, mas dado de cara com páginas densas e cheias de dramas psicológicos. O livro que escolhi para este mês é um drama extremamente realista, cotidiano, narrado em primeira pessoa, cheio de lembranças, desejos e delírios. É um retrato feito com tintas absurdas e reais, cheia de calos e marcas de expressão.
Da janela do quarto, olhando a chuva e com o dedo a marcar a página do livro, tento imaginar quantos dramas permeiam os apartamentos até onde a minha vista pode alcançar. Cada janela, um drama. Gritos e silêncios ecoam e disputam espaço com o barulho da chuva. Chove lá fora...e chove lá dentro...do livro, de mim, de cada janela, de cada ser, de cada olhar. Por isso, insisto na calma e na paciência com o outro. Pode estar chovendo dentro de quem está a sua frente e você nem percebeu. Os dramas humanos não estão estampados, estão muitas vezes engolidos, mastigados e não muito bem digeridos, inconstantes no pêndulo da ânsia de vômito.
5 coisas que percebi com o livro:
Não se deve cortar as unhas dos gatos, eles precisam delas.
Eu não teria em casa um quadro com o rosto de alguém...dá medo.
Psicólogos e psiquiatras são pessoas interessantes e dignas de observação.
Carregamos muita coisa desnecessária na bolsa, em casa...e na mente.
Para nada há um fim e nem existe volta...tudo continua, o girar não cessa.
Se eu indico o livro?
Não...ler é coisa do diabo e todo mundo sabe disso.
terça-feira, 20 de janeiro de 2015
UM LIVRO PARA JANEIRO
A MENINA QUE NÃO SABIA LER, VOL 2.
Autor: John Harding, Editora: Leya
(Original: The Girl Who Couldn't Read)
Porque a gente adora adrenalina né?
O vol. 2 da série parece ter sido feito para ser uma leitura independente do primeiro, mas o conjunto das duas ficou fantástico. Aquele suspense que faz a gente prender o ar e olhar a cada minuto para os lados só pra checar se tá tudo bem por ali...ou se a gente caiu no abismo da história e ficou preso entre as páginas do livrinho maldito. Sabe aquela emoção de sentir seus dedos deslizarem pelo pescoço pulsante de alguém, apertá-lo até ver os olhos se dilatarem, junto ao roxo que transborda do rosto do seu brinquedo esganado? Sabe o prazer de prender jovens mulheres e afogá-las no pretexto de um tratamento que nunca vai funcionar? Sabe aquela sensação de temer o derreter do gelo porque abaixo da camada congelante se esconde um grande feito seu? Calma gente...Eu não matei ninguém...Só sei que tenho que sair daqui o mais rápido possível, com cuidado para não acordar a casa nesse ranger de madeira velha. Assim que eu fechar a porta, apaguem a vela que deixei sobre Hamlet, ao lado da cama. E se perguntarem, eu não sei ler, e esta talvez seja a única coisa a que fui fiel e obediente...ou talvez a melhor mentira que eu já inventei.
Calma, não é spoiler... é só a sinopse da própria editora:
Sinopse: Um acidente de trem. Uma identidade trocada. Os detalhes poderão mudar o rumo dessa história... Depois de viver presa num mundo obscuro, assustador e sem palavras em 'A menina que não sabia ler', a pequena Florence viverá uma nova e misteriosa aventura onde nada é realmente o que aparenta ser e todos podem se tornar inimigos em potencial. Mas onde ela encontrará uma saída? Um aliado? O misterioso médico John Shepherd busca um recomeço para sua vida em um lugar nada promissor - uma ilha que funciona como uma clínica psiquiátrica exclusivamente para mulheres. Nesse antro de segredos e sofrimento, Shepherd tentará esquecer seus pecados devolvendo a humanidade às pacientes. A primeira em quem vai experimentar sua doutrina de cuidados, o 'tratamento moral', é uma atraente jovem pálida de cabelos escuros que não se lembra do próprio nome, fala de modo estranho e não consegue saber quando e como chegou àquele lugar. Por que afinal ela desperta tanto a curiosidade do médico? Entre pacientes mais inteligentes que as próprias enfermeiras responsáveis por elas, segredos por todos os lados e figuras assombrosas (e assombradas) percorrendo misteriosamente os corredores da clínica durante a noite, as vidas de Florence e John Shepherd estarão mais ligadas do que podemos imaginar... Arrisque-se e tente achar uma saída no labirinto claustrofóbico criado em 'A menina que não sabia ler volume 2'.
Eu recomendo este livro?
Claro que não...ler é coisa do diabo!
Pra vocês, um beijo e um versejo
sábado, 27 de dezembro de 2014
UM LIVRO PARA DEZEMBRO
Livro: PCicose do Amor
Autora: Marina Duarte
Editora: Premius
Comecei dezembro bem...na leitura fofa do livro PCicose do amor. Marina Duarte é uma autora jovem, cheia de romantismo e fé no amor. Foram duas tardes viajando na história de Sofia e Arthur, levada por uma linguagem simples e descontraída, típica de diário de bordo, em que a gente se identifica e mergulha rapidinho e com toda a fé e esperança que o livro trás pra gente. Vale a pena o mergulho, hein!
"Será
que há alguém pra me ouvir e me fazer mudar? Será que há alguém por aí?"
Sobre a autora:
facebook - https://www.facebook.com/mariinaduarte.ferreira
instagram - @mariinaduartee
segunda-feira, 1 de dezembro de 2014
UM LIVRO PARA NOVEMBRO
Retratos de dentro de mim - 2
Emerson Bastos
Sabe aquele lugarzinho da cidade em que você sabe que pode encontrar uma grata surpresa? Aqui em Fortaleza, no Ceará, o Centro Dragão do Mar de arte e Cultura é um dos meus preferidos. E foi justamente lá que esbarrei com um poeta, com seu chapéu cheio de ideias, com seus livretos coloridos, cheios de vida, cheios de versos e amor. É inevitável: se abre o sorriso quando vejo que a poesia tá caminhando pela cidade, encantando... E foi assim, desse jeitinho, que eu comecei novembro bem acompanhada! A verdadeira poesia anda por aí! Sinta...
A coleção é composta de 3 livretos: amarelo, laranja e azul. Já vou por aí em busca dos meus.
Aperitivo:
Contato do autor:
e-mail: emersonbastos85@hotmail.com
Emerson Bastos
Sabe aquele lugarzinho da cidade em que você sabe que pode encontrar uma grata surpresa? Aqui em Fortaleza, no Ceará, o Centro Dragão do Mar de arte e Cultura é um dos meus preferidos. E foi justamente lá que esbarrei com um poeta, com seu chapéu cheio de ideias, com seus livretos coloridos, cheios de vida, cheios de versos e amor. É inevitável: se abre o sorriso quando vejo que a poesia tá caminhando pela cidade, encantando... E foi assim, desse jeitinho, que eu comecei novembro bem acompanhada! A verdadeira poesia anda por aí! Sinta...
A coleção é composta de 3 livretos: amarelo, laranja e azul. Já vou por aí em busca dos meus.
Aperitivo:
s"ó"(L)
.eu me sentia só
então você chegou
e eu só me sinto soL
Contato do autor:
e-mail: emersonbastos85@hotmail.com
terça-feira, 4 de novembro de 2014
UM LIVRO PARA OUTUBRO
TODA POESIA
Autor: Paulo Leminski
Editora: Companhia das Letras
Passei outubro mergulhada no laranja, no apaixonante livro TODA POESIA de Paulo Leminski.
Não há como não se perder nos textos do poeta curitibano. Os textos breves, em sua maioria, brincam com as palavras em trocadilhos simples, que, de tão simples, nos fazem imergir em nós mesmos ou em algum lugar escondido e esquecido dentro de nós. O simples transforma-se no tudo, no essencial.
Confesso que poderia descrever Leminski, a partir da minha leitura, como um poeta do simples e do grosso. Sim, às vezes falta delicadeza nas palavras, mas é justamente essa grosseria da casca da laranja que nos faz enxergar o óbvio, aquilo que estava ali o tempo inteiro e ninguém viu. De vez em quando, a delicadeza surge e nos surpreende no meio do concretismo bagunçado, e é bem aí, no meio da bagunça, que nos encontramos.
Fotografia: Universidade de Fortaleza - Ceará.
Um aperitivo:
Dor elegante
Um homem com uma dor
É muito mais elegante
Caminha assim de lado
Com se chegando atrasado
Chegasse mais adiante
Carrega o peso da dor
Como se portasse medalhas
Uma coroa, um milhão de dólares
Ou coisa que os valha
Ópios, édens, analgésicos
Não me toquem nesse dor
Ela é tudo o que me sobra
Sofrer vai ser a minha última obra
A lua no cinema
A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.
Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!
Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava pra ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.
A lua ficou tão triste
com aquela história de amor
que até hoje a lua insiste:
— Amanheça, por favor!
quinta-feira, 16 de outubro de 2014
Por hoje...
Fotografia: Bom Retiro do Sul - RS, 2014
A menina que nasceu por acaso, e por acaso nasceu grande
parecia ter definhado o coração ou engrandecido a alma, não sei...a menina se fez
adulta porque precisou sê-la.
Hoje a menina adolesce...não te preocupa menina, obedecer a
ordem natural das coisas não é algo teu e nunca vai ser. Adolesça sem culpa,
tua alma adolescente é uma flor que o mundo precisa ver...nasceste anciã,
cuidaste de uma família inteira, alimentaste e afogaste sonhos teus e alheios,
seguraste o mundo com as mãos e derrubaste a bandeja num estardalhaço só; faltou-te o balé e a força de gigantes pra segurar a bandeja. Viste
o enterro dos teus...agora, adolesce a tua alma...e não ouse mais segurar
bandeja alguma. Esse teu olhar de império é o teu desastre, porque parece que
nasceste pra salvar a vida de alguém. Não vista a capa de heroína...não aceite
as bandejas, não segure mais nada que te entregarem...simplesmente adolesça.
segunda-feira, 22 de setembro de 2014
UM LIVRO PARA SETEMBRO
A menina que não sabia ler (original: Florence and Giles)
Autor: John Harding - Editora: Leya
Autor: John Harding - Editora: Leya
Depois de um sufoco trancada num quarto, estudando para uma prova e, por achar que sufoco é sempre pouco (mentira!), lancei-me no sufoco de A menina que não sabia ler. Numa leitura desesperada, trancada entre 282 páginas aceleradas, cinematográficas, asfixiantes... A menina não sabia ler, eu sabia ( o que dessa vez não me pareceu vantagem, juro) e me pareceu, nestes 4 dias desesperados, que o preço da leitura era a asma. Conclui a leitura ofegante e trêmula. O enredo puro do livro não é lá grande coisa, nada inédito e improvável, mas o desenrolar das páginas é fascinante. Por isso não tomarei meu tempo contando a história em três linhas, mas assegurando que A menina que não sabia ler é quase um lutador de esgrima te empurrando com a ponta da espada à beira de um lago gelado. O livro me deu alguns beliscões... é disso que eu tô falando, de provocações, de hematomas pós livro, de incômodos, de prender o dedo na última página pra não deixar a história acabar. Meio febril, meio trêmula, com medo de observar longamente o espelho, tive vontade de coisas nunca pensadas antes como: devorar Shakespeare, ter um cavalo, ler Macbeth, passar uma semana sem eletricidade, conviver com as velas, contar a passagem do tempo pelos pios da coruja, fugir dos espelhos. Eu nem sei ao certo quais as impressões finais sobre este livro, e, diga-se de passagem, isto não é uma resenha. É apenas o primeiro suspiro de quem acabou de emergir de uma longo mergulho a prender o ar. Eu nem devia estar traçando estas linhas, porque, afinal, ninguém imagina que eu saiba ler ou escrever. As ordens de meu tio foram claras sobre eu não ser alfabetizada. Não contem nada para ele, por favor. Eu sequer conheço o caminho até a biblioteca e, se perguntarem por mim, estarei cá com meus bordados ao colo, estagnados, num desenho nunca terminado, porque, caso não saibam (esse segredo é nosso), eu nem sei bordar.
P.s: John Harding, meu amor, deixe as crianças dormirem....
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