sexta-feira, 31 de janeiro de 2014










A (i)legalidade gostosa de uma copiadora

Eu podia estar matando, roubando, vendendo armas, usando drogas, já dizia o pequeno vendedor de jujubas do ônibus. Eles podiam até estar copiando dinheiro. Mas não... eles só copiam livros. Quem se contenta em baixar livros na internet não se derrete ao sentir o cheiro de papel de um livrinho novo, velho ou mofado que seja. “Proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização”, dizem as letrinhas pequenas do livro. Mas a copiadora da esquina tá fazendo promoção! São tantas letrinhas por tão pouco. Tantas histórias pelos centavos criminosos do estudante de mochila nas costas, delinquente, intelectual e orgulhoso de suas façanhas, é claro. Ora, dez páginas de um livro saem mais baratas do que aquele pacotinho de jujuba e tão gostosas quanto. A copiadora da esquina da Universidade está sempre lotada de infratores. Chegam de mochilas vazias e voltam com um grande peso nas costas e um ar de descobridores de petróleo entre os dentes. Páginas quentes saem felizes da pequena máquina de copiar... e de lá, corre o estudante, o deliquente, a iluminar  suas folhas com marca texto amarelo. Eis uma das facetas do iluminismo pós-moderno.

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