terça-feira, 15 de setembro de 2015

UM LIVRO PARA AGOSTO




Livro: O sol é para todos
Harper Lee
Título Original: "To kill a mockingbird"

“Só existe um tipo de gente: gente.”






Em agosto, mergulhada no sul dos Estados Unidos do início do século XX, cidade de Maycomb.

Toda cultura será perdoada? Todos os erros e atrocidades cometidas sob a guarda dos costumes de uma sociedade são dignos de compreensão? Scout Finch, nossa pequena narradora, aprende e nos ensina, descobre e questiona, entende e se confunde. Com olhos de criança e mergulhada em uma cidade cujos costumes parecem pétreos, indestrutíveis, porém nunca naturais, aceitáveis ou isentos de questionamento, a menina passeia pela humanidade. Como sempre, não me atrevo a descrever a narrativa em sinopse ou a tecer críticas a respeito da obra, mas me permito derramar aqui um pouco do turbilhão de sentimentos que me prenderam, sufocaram, me causaram febre e alívio, durante a leitura doce e amarga deste livro.

Mais uma vez caiu em minhas mãos um exemplar antigo e velho, com cheiro antigo e velho, cor antiga e velha, o que me pareceu bastante adequado, já que preconceito, ignorância e segregação racial têm cheiro de mofo. Poderia facilmente renomear inúmeros personagens com nomes de fungos. Ânsia de vômito, febre constante, aperto no peito e desesperança envolveram aquelas páginas amarelas. Inevitável não lembrar de Chico: "Não tem mais jeito, a gente não tem cura." Ah, humanos, malditos humanos...

Mas é preciso ter brilho no olho pra sobreviver e viver por aqui, não é mesmo? Há um brilho de esperança, pequeno e forte, cheio de vida e promessa de um futuro mais justo. A casa dos Finch é luz naquela cidade; é apedrejada e admirada; é gota d'água integrante de uma grande mudança. Atticus nos ensina que é preciso ser honesto consigo mesmo, fazer a nossa parte, mesmo que pequena, mesmo que ninguém entenda, mesmo que invisível ou condenada por tantos. É a passos pequenos que se segue. Daí, Chico mais uma vez me salva: "Amanhã vai ser outro dia."

Atticus, Jem, Scout, Calpurnia, eu vos abraço e agradeço. Concluir a leitura de um bom livro é sempre doloroso pra mim. A leitura da última página é cheia de saudade e vazia de conformismo. Desta vez, porém, seguem comigo os Finch e a esperança. 


FRASES DO LIVRO para degustar:

“Quando crescer, todos os dias você verá brancos ludibriando negros, mas deixe-me dizer uma coisa, e nunca se esqueça disso: sempre que um branco trata um negro desta forma, não importa quem seja ele, o seu grau de riqueza ou a linhagem de sua família, esse homem branco é lixo.”

 “Existem pessoas que se preocupam tanto com o Outro Mundo que nunca aprendem a viver neste.”

“Antes de poder viver com os outros, eu tenho de viver comigo mesmo. A consciência de um indivíduo não deve subordinar-se à lei da maioria.”

“Eu queria que você visse o que é realmente coragem, em vez de pensar que coragem é um homem com uma arma na mão. Coragem é quando você sabe que está derrotado antes mesmo de começar, mas começa assim mesmo, e vai até o fim, apesar de tudo. Raramente a gente vence, mas isso pode até acontecer.”

“Andar armado é um convite para alguém atirar na gente”.

“Só existe um tipo de gente: gente.”

terça-feira, 1 de setembro de 2015

UM LIVRO PARA JULHO

O MERCADOR DE VENEZA
William Shakespeare
1598

"Terás mais justiça do que querias."




Esta é a segunda obra do clássico autor a que dedico o mergulho e o estudo. Em aventuras teatrais, tive que estudar Hamlet e a única coisa de que me lembro é que foi bastante cansativo (fico ofegante só em lembrar). Tentei ler Romeu e Julieta (porque queijo com goiabada é muito bom e ninguém nomeia coisas sem algum fundamento, né gente? Nomeia sim. Não passei das cinco primeiras páginas.
E mais uma vez, cá estou eu me aventurando em passear com  Shakespeare, na leitura de O mercador de Veneza. Definitivamente, não é o tipo de leitura que me envolve e emociona. Nem o estilo clássico do autor nem a estrutura do texto em peça teatral. Perdoem-me os amantes de Shakespeare, mas o dramalhão pastelão parece que foi escrito para lotar o teatro, prender o público em suas cadeiras com diálogos cansativos e até sonolentos, não fosse o humor causado pelo exagero, e , ao fim, somente ao fim, surpreendê-lo com um grande final de se aplaudir de pé, engraçado e inusitado. A temática, admite-se, é interessante, mas a obra cansa. E, diga-se de passagem, o lado de lá das cortinas teatrais me chama bastante a atenção. O teatro é mágico. A leitura em questão não é.
Uma leitura, porém, é sempre uma leitura, né? Vale experimentar e conhecer um pouco de mundos distantes. Continuarei apreciadora dos aforismos shakespeareanos e de queijo com goiabada. De resto, encerro minha jornada pelas obras do aclamado autor. Tenho pouco tempo e muitos livros. E não há nada de errado nisso.

Próximo livro, por favor!


Não leia...coisa do diabo mesmo.